Brasil

[ferrari]

Talvez a maior fonte de críticas ao nosso país e ao nosso governo venha de apreciadores de tecnologia e manufaturados. Ciclistas que viajam para comprar peças para suas bicicletas a uma fração do preço que são vendidas aqui, fanáticos por eletrônicos que compram produtos no exterior pagando as vezes menos da metade do preço que é vendido aqui.

Uma reclamação especial parte dos fãs da Apple. A empresa, que se recusa a investir seriamente no país e ainda vende produtos com claro sobre preço, provavelmente apoiando-se na fama elitista que tem por aqui, alega que não pretende investir no Brasil devido à nossa carga tributária.

Longe de querer defender o nosso governo que erra, e erra MUITO, arrecadando cada vez mais e investindo pouco e de maneira ineficiente, devemos olhar a coisa toda mais friamente.

A Gigabyte, fabricante de placa mãe passará a fabricar por aqui. Temos diversas empresas fabricando ou montando computadores em nosso país, beneficiadas pela MP do Bem que abaixa os impostos de computadores até uma determinada faixa de preço. Hoje, encontra-se notebooks com Intel Core i5 montados aqui por R$1000,00 ainda parcelados em 12x sem juros. Máquinas de grife como HP e Sony VAIO também estão vendendo computadores que, antes tinham preços comparáveis ao Mac de especificações equivalente, agora com preços muito mais acessíveis. Por R$2.200 compra-se um Sony Vaio com Drive de BluRay e toda a sopa de latrinas que qualquer "computeiro" gosta.

O que não podemos esperar é que o governo dê atenção especial a uma empresa do ramo de computadores porque esta se recusa a se instalar aqui. Esperam o que? Que o pessoal de Brasilia decida que devem fazer mais pois 5% da população que gosta de Macintoshes não está sendo bem servida? Temos várias marcas de computadores por aqui, é claro que o governo vai legislar para o todo e não para uma plataforma específica!

Voltando à declaração do Jobs sobre nosso sistema tributário, é curioso ver que, durante anos a filial brasileira da General Motors repassou enormes quantias de dinheiro à sua matriz norte americana para tirá-los do buraco. Logo nós, o país que é o terror de qualquer empresa, salvando a matriz que não conseguiu ser lucrativa nos Estados Unidos, o suposto paraíso para quem busca o lucro. No mínimo irônico.

Será mesmo que o governo brasileiro é a raiz de todo mal? Ou será que para a Apple, nossa base instalada está suficiente dado que, ao passo que aqui vende-se pouco, lucra-se muito. E culpar o governo é muito fácil e comodo! Enquanto vocês choram, eu lucro. Lembrem-se que o consumidor da Apple aceita pagar o preço que é vendido aqui, ou consegue viajar e comprar mais barato. É ganha-ganha, par a aApple.

É claro que devemos evoluir, porém não somos tão ruins quanto apontam, especialmente os empresários. Todo país tem seu ponto fraco. Nos EUA por exemplo, o que você economiza em impostos, você gasta em dobro toda vez que precisa de um atendimento médico. Os canadenses também reclamam dos grandes impostos que pagam para garantir seu sistema social de educação, saúde e previdência. Acredito que, inteligentes que somos, devemos analisar os fatos de maneira menos egoísta. Chega a ser risível ver comentários nos blogs quando fala-se sobre preços de Macs aqui. Parece que um país se resume a oferecer gadgets ao menor preço do mundo.

Talvez alguém responda a essa mensagem dizendo que os serviços públicos brasileiros são ruins. E eu concordo. Mas por outro lado eu penso: pelo menos ele existe. Se você estiver sem plano de saúde e tiver uma doença grave, será atendido no SUS. Talvez tenha que se deslocar para um grande centro, mas será atendido. Caso o mesmo aconteça nos EUA, você será atendido, porém terá que vender seus bens, talvez hipotecar sua casa para pagar a conta. Parece que o pagamento de atendimento médico é a principal causa de falência familiar nos EUA. Esse é o preço dos baixos impostos. Esse é o preço do Camaro a 20mil dólares e do iPad a apenas 499 dólares.

Caso o sistema americano lhe pareça irresistível mesmo olhando por esse lado, mude-se. Porque o Brasil NUNCA vai ser Estados Unidos, pelo menos não neste aspecto.